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4 de julho de 2024Redação Paiquerê
A Prefeitura de Londrina, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), desenvolveu a cartilha “O uso de drogas: Dinâmicas em acolhimentos institucionais infanto-juvenis”, com orientações para os trabalhadores dessas instituições de Londrina. Esse material inédito foi apresentado na quarta-feira (3), na sede da SMS, para representantes do Nuselon e MMA, entidades que prestam esse serviço mediante convênio com a Prefeitura. Também participaram do lançamento os secretários municipais de Saúde, Felippe Machado, e de Assistência Social, Jacqueline Marçal Micali, mais a juíza da 1ª Vara da Infância e Juventude, Camila Tereza Gutzlaff.
Desenvolvida pela equipe itinerante de CAPS da Secretaria Municipal de Saúde, composta pelo psicólogo, Sérgio Fuji, o enfermeiro Maikon Rosa dos Santos, e o estagiário de psicologia Hewerton Gonçalves Pereira Rosa, a cartilha foi construída com base em capacitações envolvendo os educadores sociais e cuidadores dos acolhimentos institucionais.
Essa equipe itinerante do CAPS presta um papel de apoio para os acolhimentos vinculados à Secretaria Municipal de Assistência Social, executando ações como apoio de supervisão para as equipes, orientação para educadores, realização de grupos com os adolescentes e crianças, atendimentos individuais. Também participam de discussões de casos e audiências concentradas.
No mês de fevereiro deste ano, o CAPS itinerante reuniu os educadores e cuidadores para uma apresentação teórica, seguida de dinâmicas para construção de casos relacionados ao cotidiano desses serviços. Dessa forma, foram elaboradas estratégias de cuidado no que tange ao abuso de drogas envolvendo os acolhidos e suas famílias de origem.
O conteúdo da cartilha traz orientações sobre uso de substâncias e, por meio dos exemplos, sugere intervenções que possam ser aplicadas no dia a dia dessas instituições. Disponibilizado em formato digital, o material será impresso e distribuído exclusivamente aos trabalhadores dos acolhimentos de Londrina.
Com uma linguagem acessível e ilustrada de forma lúdica, a cartilha está dividida nos seguintes capítulos: Drogas – o que são; Breve histórico das drogas; Tipos de drogas; Tipos de uso; Motivações; Legislação; Consequências; Redução de Danos; Casos; Intervenções; Saúde e acolhimentos; Bibliografia consultada. Ao todo, o documento possui 50 páginas.
De acordo com a diretora de Saúde Complementar da SMS, Cláudia Denise Garcia, essa cartilha vai atuar como um importante instrumento no desenvolvimento do trabalho dos abrigos. “O material é exclusivo para abrigos, e somente para esse modelo de instituição. Mas é um material que chega para colaborar, pois se houver uma troca de trabalhador, por exemplo, ele tem um material para estudar e compreender essa linguagem da saúde de atendimento voltada a esse tema do uso de substância. É uma instrumentalização para o dia a dia”, relatou.
O psicólogo da equipe itinerante de CAPS, Sérgio Fuji, explicou a aplicabilidade dos conteúdos presentes no material e como ele pode ajudar na abordagem da criança ou adolescente acolhido. “A cartilha representa um pouco sobre nossa estruturação e o que aplicamos nas equipes. A gente trabalhou o conteúdo com as equipes dos acolhimentos, as estratégias foram pensadas com esses profissionais, aplicando o contexto do cotidiano deles no acolhimento e os desafios do dia a dia. Tendo em vista que o acolhimento institucional é um desafio diário, desenvolvemos um material lúdico e dinâmico. O educador ou cuidador pode ter esse material como primeiro passo para iniciar o atendimento sobre o uso das substâncias psicoativas, e, a partir daí, procurar outros métodos de abordagem e caminhos para cada caso”, ressaltou.
Fuji acrescentou que, nas capacitações que resultaram na cartilha, álcool e drogas foram assuntos que surgiram muito nas discussões, até por serem uma demanda recorrente nesses serviços. “Após muita conversa e troca de experiências, transformamos esse processo de formação e capacitação em uma cartilha que poderá ser usada como apoio no cotidiano do serviço. O material não pode ser estático, tem que ser melhorado constantemente, porque o dia a dia é muito dinâmico e, todos os dias, coisas novas acontecem. Possivelmente pode ter mais cartilhas e outras ferramentas podem ser desenvolvidas que auxiliem no cuidado do trabalhador, que tem uma tarefa bem difícil nesse cuidado rotineiro das crianças”, ressaltou.
O secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, parabenizou toda a equipe do CAPS itinerante e demais servidores e trabalhadores que participaram dessa iniciativa. “O lançamento dessa cartilha, que é fruto de muito trabalho, mostra Londrina sendo pioneira e inovadora em relação a melhoria dos atendimentos, em especial daquelas pessoas que mais precisam. Lá em 2022 iniciamos um projeto denominado CAPS itinerante, que basicamente consiste em levar o serviço de saúde mental para dentro dos acolhimentos. Havia um pedido dessa aproximação por parte de todos os entes envolvidos nessa rede de atendimento, tanto da Promotoria quanto do Juizado, a própria Assistência Social e acolhimentos. A maneira que nós achamos mais adequada naquela oportunidade foi a ampliação do nosso serviço, criando esse CAPS itinerante, que teve um papel fundamental em construir pontes de articulação entre serviços de saúde, assistência social e Poder Judiciário, para que a gente pudesse melhorar a qualidade dos atendimentos e, consequentemente, atingir o nosso objetivo”, frisou.
Machado completou que o lançamento da cartilha é um marco dentro da atuação do CAPS itinerante. “Para celebrar esses mais de dois anos de trabalho implementado, a gente fez o lançamento dessa cartilha, que é construída a muitas mãos e tem como objetivo principal institucionalizar todo esse trabalho feito. Em especial, voltado aos acolhimentos de crianças e adolescentes, para que possa dar um norte aos educadores e cuidadores que fazem diariamente esse trabalho tão importante”, completou.
Em relação à atuação do serviço itinerante do CAPS, que conduziu esse itinerário formativo para educadores e cuidadores, entre outras ações, a juíza Camila Tereza Gutzlaff reforçou a importância de que o município prossiga contando com esse trabalho, construído em reuniões com participação da Prefeitura, Ministério Público e o Judiciário. “Foi levantada a necessidade de um serviço que esteja próximo aos acolhimentos, tratando da saúde mental, diante de tantas demandas dos acolhidos e dos trabalhadores. O intuito é realizar um trabalho mais próximo e com mais efetividade, que pudesse atender as necessidades de cada criança, adolescente e trabalhador, realizando atendimentos diretamente no acolhimento. E é um serviço essencial que tem que ter caráter permanente, porque as necessidades de cada acolhido mudam a cada momento”, afirmou.
Atualmente, a Prefeitura de Londrina conta com 10 acolhimentos infantojuvenis e outros dois familiares que, em média, abrangem cerca de 130 famílias. A secretária municipal de Assistência Social, Jacqueline Marçal Micali, explicou que esses acolhimentos se dão em cumprimento às medidas expedidas pelo Judiciário. “Em algumas o intuito é promover o retorno familiar, outras serão encaminhadas para adoção. E também há casos que serão atendidos dentro do processo de evolução para a vida independente, por não poderem mais retornar às suas casas e a adoção ser mais difícil por serem adolescentes”, citou.
Sobre a atuação do CAPS nas unidades de acolhimento, que resultaram nessa cartilha, a secretária explicou que as demandas da área de saúde têm aumentado nos serviços socioassistenciais, especialmente de saúde mental. “E a Assistência Social não é preparada para isso, não temos profissionais de saúde como enfermeiros, médicos ou psicólogos. Há muitos anos estamos pleiteando esse trabalho conjunto, e essa cartilha é a materialização do pleito que temos enquanto agentes públicos que têm de acolher uma criança desprotegida, que teve de ser retirada do seu lar, e agora precisa encontrar nas políticas públicas um novo projeto de vida”, completou.
A apresentação e lançamento da cartilha contou também com a presença da promotora Fabiana Pimenta Soares, da 22ª Promotoria da Infância e Juventude da Comarca de Londrina; representantes do Núcleo de Apoio Especializado à Criança e Adolescentes (NAE), entre outros.
Com Ncom