Na Expo, Embrapa mostra resultados de pesquisa revolucionária de cultivo de grãos

Redação Paiquerê 

Resultado de uma tecnologia em estudo há quase 18 anos, o Sistema Antecipe é uma técnica de cultivo desenvolvida pela Embrapa para plantar milho entre as linhas de soja. O objetivo é aumentar a produção de milho e soja, além de reduzir riscos climáticos.

Décio Karam, Ph.D da Embrapa Milho e Sorgo e pesquisador responsável pela pesquisa, explica que, nesta técnica, na colheita da soja, o milho é cortado, ficando apenas um pequeno caule de cada planta. O milho continua a crescer e produzir, pois já está implantado no campo e suas raízes estão em bom desenvolvimento.

Ao abrir a palestra realizada na segunda-feira (7) no Pavilhão Smart Agro, Karam ressaltou que apesar do desenvolvimento da tecnologia ter sido iniciado há 18 anos, é comum a reação de estranheza em produtores rurais, engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas.

“O Sistema Antecipe é para quem está disposto a quebrar um pensamento e um comportamento enraizado. Eu acredito verdadeiramente que o produtor rural precisa estar disposto a isso. Não adianta ficar repetindo ‘Ah porque eu sempre fiz desse jeito, porque meu pai e meu avô sempre fizeram assim. Precisamos evoluir e estar dispostos e acreditar em novas tecnologias’. ”

Sistema Antecipe na prática
O Antecipe é um método de cultivo que intercala e possibilita a redução dos riscos causados pelas incertezas do clima durante a segunda safra. Ao longo de quase duas décadas de pesquisa da Embrapa Milho e Sorgo, o Sistema Antecipe consolidou a tecnologia em três pilares: um sistema inédito de produção de grãos, uma semeadora-adubadora exclusiva e um aplicativo para auxiliar o produtor a tomar as melhores decisões.

“A semeadora foi patenteada pela Embrapa para que ficasse mais acessível ao produtor. Além do milho, ela também pode ser utilizada para a semeadura de sementes finas gramíneas sem causar danos mecânicos, amassamento ou perda de área foliar”, explica o pesquisador. Uma unidade da máquina está disponível na área externa do Smart Agro até a próxima quarta-feira (9) para que interessados na tecnologia possam conhecê-las.

Para o diretor-técnico da Associação dos Engenheiros Agrônomos de Londrina, Adriano Custódio, o Sistema Antecipe é uma excelente ferramenta para os produtores rurais, especialmente para os que possuem até quatro módulos fiscais.
“Acredito que além dos produtores, os engenheiros agrônomos precisam se atentar mais ao Sistema Antecipe. Para nós aqui do Paraná existe o benefício principalmente na antecipação do milho safrinha que permite manter o potencial produtivo da lavoura e, ao mesmo tempo, reduzir o custo de produção da segunda safra. Além disso, a gente também pode falar em redução do prejuízo para o produtor”, salienta o diretor.

Para o pesquisador da Embrapa, o Sistema Antecipe também pode ser entendido como política pública. “Não é para um grande produtor rural aplicar em toda sua área de plantio. Talvez no futuro até seja, mas entendo que neste momento é para ser aplicado em parte da área do pequeno e médio produtor. O que acompanhamos ao longo desses anos de pesquisa é que existe um ganho de até R$ 8 mil para o produtor. Há quem diga que é pouco e que, por isso, essa é uma tecnologia que não serve. Afirmo categoricamente que para muitos produtores é um valor que faz diferença. ”

Resultados na prática
Ao longo de quase duas décadas de desenvolvimento da tecnologia, Karam contou que a pesquisa foi realizada em diversas regiões do Brasil para testar a hipótese em condições de solo e clima variados. No Paraná foram realizadas pesquisas em áreas de atuação de cooperativas como Coamo e Cocamar. A partir da análise dos dados dessas regiões, o pesquisador projetou dados para a região de Londrina para trazer especificamente para a palestra de segunda-feira na ExpoLondrina.

Foi a partir desta projeção que o pesquisador mostrou que ao adotar o Sistema Antecipe as propriedades da região de Londrina conseguiriam, em média, 18,5 dias de antecipação de semeadura mecanizada do milho nas linhas de soja, antes da colheita da leguminosa. Com isso, seria possível, em média, 1,5 saca por dia de antecipação.

Com ExpoLondrina/Tatiane Salvático